O setor ambiental tem crescido consideravelmente com o aumento da procura por serviços e produtos com cunho sustentável. Esses trabalhadores, conhecidos como profissionais verdes, não se restringem a técnicos em engenharia e gestão. O setor ambiental também tem criado oportunidades para pessoas de diversas carreiras, de químicos a pedagogos.
Para o biólogo Paulo Cezar Junior, professor de pós-graduação em gestão e controle ambiental o crescimento baseado na sustentabilidade não envolve apenas a preservação do meio ambiente, mas também o desenvolvimento social e econômico e, dessa maneira, exige pessoas com diferentes habilidades.
"O desenvolvimento sustentável é multidisciplinar e o trabalho em equipe é pressuposto básico para quem pretende ingressar nessa área", afirma o biólogo.
Entre as carreiras requisitadas no setor está a de administradores como Thiago de Oliveira, 32 anos, que já pensava em direcionar sua atuação para o ramo antes mesmo de concluir a graduação. Para se capacitar, ele procurou diversas turmas de especialização, mas não conseguiu nenhuma que fechasse o número suficiente de alunos para o curso ser iniciado.
"As pessoas não entendem que tudo precisa ser feito em um trabalho conjunto. Não adianta nada ser um biólogo excelente se não há ninguém para gerir os projetos, para fazer o trabalho de marketing, de administração", critica Oliveira, que hoje é vice-presidente do Instituto de Integração Social, Desenvolvimento Sustentável e Preservação Ambiental (Idesta), enquanto aponta um nicho sedento por mão de obra qualificada e, por isso mesmo, bastante promissor.
"Já vi muitas ONGs falirem por terem ótimos profissionais de ponta – com formação verde –, mas ninguém que fizesse o trabalho burocrático", comenta Oliveira, que exemplifica: "De que adianta fazer uma ação perfeita no Projeto Tamar (que trabalha com pesquisa, conservação e manejo de tartarugas marinhas), se não tem quem faça a gestão e dê publicidade a isso? As pessoas não vão saber, não vão valorizar".
O setor ambiental não demanda apenas de especialidades limitadas às carreiras com foco em gestão empresarial. Outros profissionais, como arquitetos, por exemplo, têm espaço garantido nesse mercado que está de olho no futuro. Para o arquiteto Gustavo Cantuária, não há como pensar na arquitetura no século 21 sem levar o aspecto ecológico em consideração.
"As empresas estão começando a procurar profissionais formados na área, porque o consumidor está cada vez mais consciente e engajado, e procura esse produto", constata o arquiteto especializado em projetos sustentáveis.
O arquiteto explica que uma boa ideia é usar "energia zero", construindo prédios bem arejados e iluminados para reduzir a utilização de ar condicionado e luz artificial, por exemplo. Como professor universitário em duas instituições de ensino em Brasília, Cantuária aproveita que o assunto está em alta para transmitir esses conceitos aos seus alunos. "Hoje em dia, a gente tenta passar isso na própria graduação para despertar o interesse do graduando o mais cedo possível. Não é mais uma questão de interesse pessoal, são necessidades do momento", afirma o arquiteto.
Pedagogia é outra área do conhecimento que está liberando profissionais qualificados para tratar das questões do meio ambiente. A educação ambiental tornou-se parte importante das ações em favor do uso consciente dos recursos naturais com o conceito de perpetuar as práticas sustentáveis. Desse modo, pedagogos com interesse e conhecimento no assunto têm sido requisitados para trabalharem em organizações não governamentais, consultorias e empresas que desenvolvem projetos de cunho socioambiental.
Os químicos também estão cotados para lidar com sustentabilidade. Nesse caso, sai o trabalho de conscientização e entra o de análise de poluentes em laboratório, associado ao controle dos resíduos produzidos, no intuito de reduzir os efeitos danosos de uma empresa ou indústria à natureza. Já aqueles com formação em ciências sociais têm uma chance de sair da academia para atuar em campo com projetos de responsabilidade social promovidos por empresas preocupadas com o aspecto socioambiental.
Economistas, psicólogos, agrônomos, assistentes sociais e muitos outros fazem parte da fatia verde no mercado que tem ganhado força no Brasil nos últimos anos. Assim, para aqueles que têm afinidade com o assunto e interesse em se dedicar a ele, o tempo é propício.
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